Magaíça
A manhã azul e ouro dos folhetos de
propaganda
engoliu o mamparra,
entontecido todo pela algazarra
incompreensível dos brancos da
estação
e pelo resfolegar trepidante dos
comboios
Tragou seus olhos redondos de pasmo,
seu coração apertado na angústia do
desconhecido,
sua trouxa de farrapos
carregando a ânsia enorme, tecida
de sonhos insatisfeitos do mamparra.
E um dia,
o comboio voltou, arfando, arfando...
oh nhanisse, voltou.
e com ele, magaíça,
de sobretudo, cachecol e meia
listrada
e um ser deslocado
embrulhado em ridículo.
Ás costas - ah onde te ficou a trouxa
de sonhos, magaíça?
trazes as malas cheias do falso
brilho
do resto da falsa civilização do
compound do Rand.
E na mão,
magaíça atordoado acendeu o
candeeiro,
á cata das ilusões perdidas,
da mocidade e da saúde que ficaram
soterradas
lá nas minas do Jone...
A mocidade e a saúde,
as ilusões perdidas
que brilharão como astros no decote
de qualquer lady
nas noites deslumbrantes de qualquer
City.
Nenhum comentário:
Postar um comentário