Curadoria/ Guido Sacerdoti e Antonella Lavorgna
Esta exposição do pintor Carlo Levi ilustra os vários aspectos da complexa personalidade desse artista, geralmente conhecido como autor do livro "Cristo parou em Eboli." Composta de 53 telas, um conjunto de 15 fotografias que ilustram sua trajetória pessoal, sua vida familiar e amigos, exemplares de edições de suas obras literárias, alem de correspondências mantidas com personalidades marcantes do século XX, a exposição abrange o período de 1929 a 1973.
Entre autorretratos, retratos, paisagens, naturezas mortas, nus, sujeitos híbridos, as telas oferecem uma visão exaustiva dos principais "períodos" da pintura de Levi e sua peculiar posição entre os pintores "figurativos", no século da "arte avant-garde" e da arte experimental. Estas obras constituem também uma rica leitura da história do século XX, já que as obras de Levi, mesmo quando relacionadas a esfera familiar, como os 29 retratos, nos convidam a refletir sobre momentos cruciais da história coletiva do século passado: da resistência ética, antes que política, ao fascismo, à condição de confinamento, às tragédias da guerra, ao pós guerra onde a cultura volta a ser “internacional” e, em muitos casos, necessariamente "posicionada” com um dos dois blocos. Alem disso, os estreitos laços entre a pintura e as obras literárias (ensaios e poesia) de Carlo Levi são evidenciados através da exposição das primeiras edições de seus livros.
Destacam-se alguns dos temas centrais de sua obra, tais como:
- as raízes judaicas da cultura de Levi (não só através do uso de temas bíblicos e retratos de membros da família);
- a sua cultura liberal;
- a sua interpretação da guerra, da ditadura, e do Holocausto;
- a sua original perspectiva antropológica sobre a "civilização camponesa" (núcleo da exposição: algumas pinturas do exílio em Lucania);
- as suas atividades antifascistas (com retratos de mártires como Carlo Rosselli e Leone Ginsburg);
- a sua especial atenção para os problemas da emigração, a ameaça nuclear, as guerras imperialistas (Vietnã).
- as raízes judaicas da cultura de Levi (não só através do uso de temas bíblicos e retratos de membros da família);
- a sua cultura liberal;
- a sua interpretação da guerra, da ditadura, e do Holocausto;
- a sua original perspectiva antropológica sobre a "civilização camponesa" (núcleo da exposição: algumas pinturas do exílio em Lucania);
- as suas atividades antifascistas (com retratos de mártires como Carlo Rosselli e Leone Ginsburg);
- a sua especial atenção para os problemas da emigração, a ameaça nuclear, as guerras imperialistas (Vietnã).
Serviço
Exposição/ Carlo Levi – pintor, escritor e antifascista italiano - Obras selecionadas de 1926 a 1973
Datas/ de 23 de março a 23 de junho
Local/ 1º andar
Horário/ das 12h às 19hs - terça a domingos e feriados
Classificação/ Livre
Entrada gratuita
Datas/ de 23 de março a 23 de junho
Local/ 1º andar
Horário/ das 12h às 19hs - terça a domingos e feriados
Classificação/ Livre
Entrada gratuita
Sobre Carlo Levi
Nascido em Turim, em 29 de novembro de 1902, filho de Ercole Levi e de Annetta Treves. Estuda no Liceo Alfieri de Turim, sendo contemporâneo de Leone Ginzburg, Massimo Mila, Giulio Einaudi, Giaime Pintor e Cesare Pavese. Em 1924, gradua-se em Medicina. Em 1918 conhece Piero Gobetti, colabora com a revista “La Rivoluzione Liberale” e começa relações com os anti-fascista de Turim.
Em 1929 é criado em Paris o grupo “Justiça e Liberdade” (entre os fundadores, os irmãos Rosselli, Emilio Lussu, Gaetano Salvemini e Ernesto Rossi), do qual Levi se torna um dos importantes expoentes em Turim; participa, em 1931, da elaboração do Programa Revolucionário de Justiça e Liberdade. Colabora com alguns artigos e transforma suas frequentes viagens a Paris como pintor em contatos arriscados com os exilados antifascistas.
Carlo Levi se interessa pela pintura e expõe pela primeira vez em 1923, na Quadrienal de Turim; e conhece Felice Casorati, através de Piero Gobetti. Participa da Bienal de Veneza (1924). Em 1925, conhece em Turim, o crítico Edoardo Persico; iniciam suas frequentes estadias em Paris. Em 1929 expõe com o grupo dos “Seis de Turim” - apoiados por Persico e pelo historiador de arte e crítico, Lionello Venturi – em Turim, Gênova e Milão; no ano seguinte, na Bloomsbury Gallery de Londres.
Em 1931, participa da I Quadrienal de Roma e de uma exposição coletiva de arte italiana perto de Nova Iorque. Conhece Guttuso, e com Enrico Paulucci, começa a se interessar também por direção de arte e roteiro. De 1932 a 1934 permanece quase que exclusivamente em Paris. A sua primeira exposição individual na capital francesa (1932) foi organizada pela Galeria Jeune Europe.
É preso em março de 1934, pelo seu envolvimento com o movimento “Justiça e Liberdade”. Libertado em maio, recebe uma advertência de dois anos o que acarreta a revogação de seu convite para a Bienal de Veneza, apesar da carta de solidariedade assinada por importantes artistas franceses como Léger, Chagall e Derain. Em 15 de maio de 1935 é novamente preso e condenado a três anos de confinamento em Lucânia, Grassano e Aliano.
Em maio de 1936, por ocasião da Proclamação do Império, é autorizada a sua saída do confinamento. Nesse ano, uma exposição individual é organizada em Milão, na Galeria del Milione, e em Roma, na Galeria della Cometa (1937). No mesmo ano, Levi é incluído na coletiva Anthology of Contemporary Italian Painting, em Nova Iorque, onde também foi organizada uma exposição individual (1938). Em 1939 é forçado a fugir para a França, em razão das leis raciais vigentes. Retorna em 1941, e passa a viver em Florença. Exerce um papel de liderança no Partido de Ação; novamente preso na primavera de 1943, é libertado em 26 de julho do mesmo ano; torna-se membro do Comitê Toscano de Liberação e codiretor do jornal florentino “La Nazione del Popolo”, órgão do CLN.
Publica em 1945,“Cristo parou em Eboli”, escrito em Florença nos últimos anos da guerra sobre a sua experiência de confinamento. É seu livro mais famoso e traduzido em vários idiomas. Em junho desse ano, muda-se para Roma, onde dirige o “L'Italia libera”, órgão nacional do Partido de Ação. Retoma sua atividade como pintor, com trabalhos individuais expostos na Itália e, em 1947, em Nova Iorque, na galeria Wildenstein Gallery, alem de participar em importantes revistas. Tem uma sala especial na Bienal de Veneza de 1954. A atividade artística continua intensa nas décadas de 1950 e 1960, somada à constante produção literária e presença no cenário político.
Em 1950 publica “O relógio”. Visita a URSS (1955), Índia (1956) e China (1959). Publica “As palavras são pedras (três dias na Sicília)” (1955), “A noite dupla das tílias” (1959) “Um rosto que se parece conosco (Retrato da Itália)” (1960) e “Todo o mel acabou” (1964).
Para a exposição “Itália 61”, em Turim, pinta um painel com cerca de 18 metros sobre a Lucânia. Em 1963 é eleito senador pelo Partido Comunista Italiano; faz parte da Comissão parlamentar Instrução Pública e Belas Artes. Reeleito nas eleições de 1968.
Em 1973, sofre um descolamento de retina. Mesmo com cegueira temporária, realiza 140 desenhos e escreve “Caderno a portões”, publicada postumamente. Uma exposição de sua produção figurativa é organizada em 1974no Palazzo del Te de Mantova, poucos meses antes de sua morte.
Realiza uma obra, com os artistas Guttuso e Cagli, sobre o massacre das Fossas Ardeatine: Cagli ilustra a opressão, Guttuso o massacre, Levi a liberação. Estas obras são doadas ao complexo monumental das Fossas Ardeatine.
Morre em Roma em 04 de janeiro de 1975, após passar alguns dias em coma. É sepultado em Aliano, na região Basilicata.
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