segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Museu de Arte Sacra, no bairro da Luz, em São Paulo, reúne cenas do nascimento de Jesus



Entre os elementos decorativos que mais caracterizam o Natal está o presépio, que tem como personagens principais o menino Jesus recém-nascido em uma manjedoura, Maria, José, os três reis magos e alguns animais. A cena que conta o nascimento de Jesus Cristo foi montada pela primeira vez na comunidade de Greccio, na Itália, em 1223, por São Francisco de Assis, e atravessou os séculos, ganhando cada vez mais encantos.

Ao longo do tempo, foram agregados detalhes e características locais em todos os cantos do mundo, o que fez dele atrativo turístico que causa admiração até mesmo naqueles que não se ligam a questões religiosas. O Museu de Arte Sacra (MAS) de São Paulo, localizado no bairro da Luz, é endereço certo para quem quer apreciar esse símbolo tão marcante das festas de fim de ano com tamanha minuciosidade e a riqueza de detalhes.

Uma escada localizada no canto direito externo do prédio do MAS dá acesso ao anexo do museu, chamado Museu dos Presépios, uma construção de 1908 que, no passado, era a Casa do Capelão do Mosteiro da Luz. Ali ficam 130 conjuntos de presépios de diversas partes do Brasil e do mundo. Entre os países de origem estão México, Peru, Chile, Espanha, Portugal, Nigéria, Japão, Polônia, França e Equador.

Do Brasil, há peças da Bahia, de Pernambuco, de Minas Gerais, do Rio de Janeiro, de Santa Catarina e de São Paulo, principalmente vindas do Vale do Paraíba. “Ao longo destes séculos, cada povo, cultura ou região buscou representar o nascimento de Jesus Cristo de modo compreensivo, usando os elementos culturais singulares de cada um. É este o motivo de tamanha diversidade de presépios que contém o MAS”, explica o padre José Arnaldo Juliano, capelão do Mosteiro da Luz.

No ambiente climatizado que passa por reformas, não se deve ir com pressa, porque há muito o que admirar. Cada presépio tem sua peculiaridade. O patrimônio é composto por peças dos séculos 17 ao 20, confeccionadas em terracota, madeira, metal, barro cozido, palha, tecidos e isopor, muitas delas assinadas por artistas consagrados como o italiano Fulvio Pennachi e o pernambucano Mestre Vitalino.
Grandioso napolitano
O destaque do local é o extenso Presépio Napolitano, composto por 1.620 peças. Além da Sagrada Família, apresenta uma diversidade de personagens profanos, ligados ao cotidiano de uma aldeia napolitana do século 18, representado por várias profissões urbanas, além de pastores e homens do campo. Olhando com atenção aquela verdadeira miniatura da vida real, é impossível não se encantar com as cenas, como a da mãe amamentando o filho, e não observar a minuciosidade de objetos, móveis, utensílios domésticos, alimentos e animais, que dão vida ao contexto.

O conjunto, considerado o terceiro maior do mundo, perdendo apenas para o do Palácio Real de Nápoles e o da Basílica de São Cosme e Damião, de Roma, foi adquirido na Itália, em 1949, por Francisco Matarazzo Sobrinho. O empresário mais conhecido como Ciccillo Matarazzo trouxe o presépio para São Paulo e sua primeira exposição teve início em 4 de outubro de 1950, dia de São Francisco de Assis, na Galeria Prestes Maia, na região central da Capital paulista, onde ficou até dezembro de 1951.

As peças permaneceram guardadas na Metalúrgica Matarazzo durante cinco anos. Então, foram doadas ao município e, em 1957, quando São Paulo comemorava o seu quarto centenário, o presépio foi instalado no antigo Pavilhão do Folclore, no Parque do Ibirapuera, onde ficou em exposição por 15 anos. Em 20 de outubro de 1970, o precioso conjunto foi doado ao governo do Estado e passou a integrar o acervo do MAS e, somente em 1985, foi transferido para o Mosteiro da Luz, sede do museu.

Desde o dia 18 de dezembro de 1999, quando o Presépio Napolitano foi reapresentado ao público em nova montagem cenográfica no MAS, os visitantes que passam por ali podem admirar a natividade daquele cenário, que ocupa uma área de 110 m2 e conta com 390 figuras humanas. Todas elas têm seus corpos feitos com arame e fios de estopa, cabeças e extremidades modeladas em terracota e madeira e tecidos que reproduzem trajes das diferentes classes sociais dos diferentes povoados do reino de Nápoles. E isso é apenas um dos detalhes que enchem os olhos por ali
 Karina Fusco/Especial para a AAN
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