Vocação para a censura
PSDB
voltou à carga contra direito dos veículos de comunicação dos trabalhadores de
difundir a informação
Sexta feira 28
de setembro. A reportagem da Rede Brasil Atual acompanha uma atividade de
campanha do candidato do PSDB, José Serra. Ao final da jornada, rodeados por
jornalistas, o tucano dizia que voltar ao lugar de sua infância lhe dava a
ideia de criar um sistema municipal de ensino técnico:
“ Vamos aumentar em dezenas de milhares o
numero de alunos, em parceria com o governador Geraldo Alckmin. É uma chance
para crianças de famílias mais humildes subirem na vida “, propôs. “Isso me
veio agora à cabeça lembrando de minha infância e juventude aqui.”
Messe momento, o
reporte da RBA questiona: “A ideia veio agora à cabeça ou é seu projeto de
governo?” O Tucano devolve: “De onde você é ?”O repórter
retruca : “ Interessa? “Serra insiste: “Quero saber de onde”. O repórter
informa: “Rede Brasil Atual “. Serra não
responde. Ao final, o repórter perguntou-lhe se só respondia perguntas
favoráveis: “Não, eu não respondo pergunta sem-vergonha. É só isso”, xingou.
Uma nota
publicada no site do PSDB agravou a atitude de seu candidato, ao chamar o
profissional de “suposto repórter” e acusá-lo de ser enviado pelo PT ” para
tumultuar a coletiva de imprensa do candidato”. A Editora Atitude, que mantém a
RBA, pretende ingressar com uma ação judicial contra a conduta do tucano.
O editor da RBA,
João Peres, comentou o episódio em artigo para o portal do Observatório da
imprensa: Ao chamar de ‘sem vergonha’ o repórter da Rede Brasil
Atual, o tucano sintetiza a noção de segmento de classe politica brasileira que
acredita que o regime democrático é bom apenas até o ponto em que a liberdade
de imprensa está sob controle”, escreveu.
Uma semana
depois, na noite de 4 de outubro, um oficial de justiça acompanhada de
policiais invadiu sede e subsedes do Sindicato dos Bancários em São Paulo. A operação foi feita a pedido da
Coligação Avança São Paulo, de Serra,
amparada por uma liminar concedida pela juíza eleitoral Carla Themis Lagrotta Germano.
A ordem era
recolher o jornal da entidade, Folha Bancária e retirar seu conteúdo da
internet – por conter informações que “denigrem” a imagem de Serra, capazes de provocar “dano irreparável” à sua
candidatura.
A presidenta do
sindicato, Juvandia Moreira, acatou a determinação judicial, mas criticou a
ação: “ O sindicato sempre lutou pela democracia e pela liberdade de expressão.
Desde o ano passado estamos fazendo o debate que afeta a qualidade de vida na
cidade. Os trabalhadores têm direito de analisar as propostas dos candidatos.
Pode haver divergência, mas repudiamos a
censura, afirmou.
Não é a primeira
vez que o partido investe contra a liberdade de expressão dos trabalhadores. A
Revista do Brasil foi alvo suas ações em 2006 e em 2010. A má relação do Serra
e aliados com a mídia independente é notória. Este ano, o PSDB apresentou à
Procuradoria Regional Eleitoral pedido de investigação da publicidade do
governo federal em veículos considerados contrários aos seus interesses. O
pedido foi rejeitado.
Semanas depois,
a Secretaria de Comunicação da Presidência da República divulgou relatório de
despesas com a propaganda oficial do governo Dilma. Dos R$ 161 milhões pagos a
cerca de 3 mil veículos de comunicação, R$ 112 milhões (70%) beneficiaram apenas dez empresas, entre
as quais Globo, Abril e Folha.
Venceslau
F Santos
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