terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Cálice


Pai! Afasta de mim esse cálicePai!
Afasta de mim esse cálicePai!
Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...(2x)
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Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor engolir a labuta
Mesmo calada a boca resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira tanta força bruta...
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Pai! Afasta de mim esse cálicePai!
Afasta de mim esse cálicePai!
Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...
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Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todoMe atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada prá a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa...
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Pai! Afasta de mim esse cálicePai!
Afasta de mim esse cálicePai!
Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...
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De muito gorda a porca já não anda(Cálice!)
De muito usada afaca já não corta
Como é difícil Pai, abrir a porta(Cálice!)
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque Homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade...
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ai! Afasta de mim esse cálicePai!
Afasta de mim esse cálicePai!
Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...
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Talvez o mundo não seja pequeno(Cale-se!)
Nem seja a vida um fato consumado(Cale-se!)
Quero inventar o meu próprio pecado(Cale-se!)
Quero morrer do meu próprio veneno(Pai! Cale-se!)
Quero perder de vez tua cabeça(Cale-se!)
Minha cabeça perder teu juízo(Cale-se!)
Quero cheirar fumaça de óleo diesel(Cale-se!)
Me embriagar até que alguém me esqueça(Cale-se!)
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Chico Buarque de Holanda
Gilberto Gil
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