" Caronte"
(Trad. de Alfredo de Assis)
- Olá, Caronte! Olá, remador infernal!
- Quem a minha presença insofrido reclama?
- Um pobre coração cativo, por seu mal,
de incompreendido amor na inexorável trama.
- Que desejas de mim? - A passagem fatal.
- Quem te a vida roubou? - Esse amor, que me inflama
e punge sem cessar. - Para as sombras do vai
ninguém levo do amor envolvido na chama.
- Não me deixes, Caronte! Um lugar em tua barca!
- Outra te levará; que nem eu, nem a Parca,
usurpamos do Amor o domínio supremo!
- Pois irei por mim mesmo. Eu, que tenho nos olhos
pranto infinito, e na alma infinitos abrolhos,
ah! eu mesmo serei o rio, a barca e o remo!
OLIVIER DE MAGNY - 1524-1561
fonte:www.clubedapoesia.com.br
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