domingo, 30 de outubro de 2011


" Caronte"

(Trad. de Alfredo de Assis)


- Olá, Caronte! Olá, remador infernal!

- Quem a minha presença insofrido reclama?

- Um pobre coração cativo, por seu mal,

de incompreendido amor na inexorável trama.

- Que desejas de mim? - A passagem fatal.

- Quem te a vida roubou? - Esse amor, que me inflama

e punge sem cessar. - Para as sombras do vai

ninguém levo do amor envolvido na chama.

- Não me deixes, Caronte! Um lugar em tua barca!

- Outra te levará; que nem eu, nem a Parca,

usurpamos do Amor o domínio supremo!

- Pois irei por mim mesmo. Eu, que tenho nos olhos

pranto infinito, e na alma infinitos abrolhos,

ah! eu mesmo serei o rio, a barca e o remo!


OLIVIER DE MAGNY - 1524-1561


fonte:www.clubedapoesia.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário