quarta-feira, 14 de julho de 2010

Docentes da rede pública tem mais chances de ficar doente

Os inúmeros desafios vivenciados por professores da rede pública estadual podem refletir efeitos negativos na saúde. De acordo com uma pesquisa realizada pelo curso de Psicologia do Centro Universitário Cesmac, os docentes apresentam mais tendência a desenvolver a chamada Síndrome de Burnout do que os colegas que atuam na rede privada de ensino.

Neste tipo de doença psicológica existe a manifestação inconsciente do esgotamento emocional, que pode ocorre por causa de grandes esforços no trabalho. As características da síndrome são: agressividade, irritação, desinteresse, falta de motivação, frustração, depressão, angustia, e avaliação negativa do seu desempenho. As manifestações fisiológicas também aparecem: cansaço, dores musculares, falta de apetite, insônia, frieza, dores de cabeça frequente e dificuldades respiratórias.

O estudo desenvolvido pelas alunas Andressa Pereira Lopes e Rita de Cássia Tenório Monteiro, sob a orientação do professor mestre Édel Alexandre Silva Pontes, teve como amostra quarenta professores que lecionam nos níveis fundamental e médio - sendo que vinte deles atuavam exclusivamente na rede pública, enquanto os outros vinte exclusivamente na rede particular. Todos eles responderam a um questionário psicossocial, seguido do inventário Maslach Burnout, intrumento aplicado para identificar os níveis da síndrome entre os profissionais.

O inventário avaliou como os professores vivenciam o trabalho em relação a: exaustão emocional, realização profissional e despersonalização. No quesito exaustão emocional e realização profissional o desempenho dos professores da rede pública apresentaram índices médios mais baixos.

A pesquisa apontou também que metade dos professores tanto da rede particular como pública afirmaram que gostariam de mudar de profissão. "O salário foi o motivo mais citado entre os profissionais, seguido da falta de respeito e interesse por parte dos alunos, além do excesso de trabalho", disse Andressa.

"As relações familiares se transformaram. Hoje em dia, em função da pressão e da alta competitividade do mercado de trabalho, os pais são menos presentes na vida dos filhos - o que torna a tarefa de educar uma tarefa difícil diante do pouco tempo disponível. Então, a escola passou a desempenhar um papel ainda mais importante na formação das crianças e adolescentes", analisa Rita de Cássia.

Como agente de transformação da sociedade, o professor é um dos profissionais mais exigidos. Ele deve ser dinâmico, criativo, estar sempre atualizado. "Ser professor de uma escola particular significa ter materiais didáticos suficientes e adequados para ensinar; é atuar dentro de uma estrutura que proporciona segurança física. Em contrapartida, tal profissional precisa estar sempre atualizado, fazendo cursos, sendo inovador para não correr o risco de ser demitido. Já o professor da rede pública encara outros desafios. Embora mantenha a estabilidade do emprego, esse profissional se depara com precariedades do sistema de ensino decorrentes da falta de investimento. Ou seja, sempre irão existir vantagens e desvantagens nas duas realidades de trabalho", diz o professor Édel Alexandre Silva Pontes.

Segundo o educador, a instituição de ensino deve ficar atenta às mudanças de comportamento e humor de seu corpo docente porque ao desenvolverem a Síndrome de Burnout os prejuízos são muitos em todo sistema educacional, como faltas constantes, descumprimento de horários e queda no desempenho geral dos alunos. "O professor acometido por Burnout tem dificuldades em se envolver, falta-lhe carisma e emoção quando se relaciona com os estudantes - o que afeta não só a aprendizagem e a motivação dos alunos, como também o comportamento deles", afirmou.

Fonte: Portal Terra

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