segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

O SORRISO DA CACHORRA - DANIEL BARROS


O mais novo livro de Daniel Barros está repleto de mistério, romance e ação. Ao contar uma história de ficção, mas dentro de vários contextos da vida real, o leitor muitas vezes poderá se imaginar no contexto da trama. 
A história de dois jovens, André e Patrícia, acaba por narrar um período importante e significativo da cidade de Maceió. O Sorriso da Cachorra é uma novela de amor e sexo, mas tem como pano de fundo acontecimentos sociais e políticos muito caros ao Autor que, à maneira de Jorge de Lima, Graciliano Ramos, Ledo Ivo, não deixa de mostrar os dois lados de uma mesma moeda. Seus personagens, geralmente alunos universitários e funcionários públicos, transitam com certo embaraço e de antenas ligadas pelas ruas, casas noturnas, salas de aula e praias, próximas ou distantes, pois “sentem” que o “inimigo” está sempre à espreita. 
Toda a narrativa de O Sorriso da Cachorra tem como fonte inspiradora a paixão da juventude que tudo diminui e torna insuficiente, até mesmo a pessoa amada. É preciso mais, muito mais! Tanto que o personagem André, apesar do fascínio por Patrícia, apesar de sua sincera devoção, não é capaz de resistir as oportunidades sexuais oferecidas fortuitamente. Tudo graças a seu transbordante libido e seu declarado poder de sedução. Mas não é só na relação sexual que se manifesta esse romantismo apaixonado – pleonasmo necessário para evidenciar a opção conteudística do livro – mas também na relação política, como se o nascedouro das expressões daquela vida não jorrasse outro sentimento. 
André e Patrícia, depois de se conhecerem em circunstâncias desfavoráveis, acabam se apaixonando e levando o romance às últimas consequências. E lutam contra tudo e contra todos para atingir seus objetivos. Muitas vezes lutam e relutam contra si mesmos, pois, embora conscientes do que querem, são voluntariosos e orgulhosos como qualquer jovem. Mas Daniel soube dar contornos humanos verossímeis, o que os torna seres de carne e osso. 
O livro é pura ação e só a de expor seus personagens, suas ilusões cotidianas e, aparentemente, nenhuma desilusão. Até o fim parece imitar a vida e seu conteúdo numa tentativa romântica de querer comungar um sentimento pessoal. O escritor sobrepõe a ação à literalidade e, com isto, consegue, em determinados quadros, comover o leitor com a pureza infantil, inocente, do sentimento amoroso.

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